A realidade do campismo no Brasil – Desabafo do campista Celso Nogueira

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Infelizmente é uma realidade que também reflete em nossa região em que existe ótimos lugares mas quase nenhum camping.
O Pontal do Paranapanema precisa acordar para esse publico. Temos potencial para isso.

A realidade do Campismo no Brasil.
Acampo desde os anos 70, Sou do tempo do campismo selvagem, onde era comum encontrar famílias inteiras acampadas à beira das praias sem medo nem preconceito. Tempo em que o campismo estava na moda, os títulos do CCB eram oferecidos por corretores, os campings estavam sempre cheios, mesmo fora de temporada, e as barracas eram os principais equipamentos dos campistas. Trailers e Motorhomes? só para uma minoria.
Nesse tempo as crianças adoravam ir para o camping, passavam as férias lá. Muitos pais dormiam nos campings e iam trabalhar enquanto as mães ficavam com os filhos. Carnaval, ano novo, tínhamos que suar para encontrar uma vaga para barraca ( imensas, estruturais, com toda a tralha que levávamos nos bagageiros das Brasilias, opalas, chevetes)
Naquela época, shoppings só nas grandes capitais, internet, telefone celular, Rock in Rio, play ground eram coisas de americano. Nossos filhos brincavam nos quintais ou na rua do bairro e estavam sempre juntos dos pais nos passeios ou nas férias.
=Passei uma década e meia sem acampar e retornei há uns cinco anos. Quanta diferença!=
Motorhomes e Trailers, cada um mais bonito que o outro, estacionam nos campings quase sempre vazios, exigindo estrutura cada vez maior. “São TVs 42”, ar condicionados potentes, maquinas de lavar, microondas. Etc.
Barracas? Essas quase não se vê mais, a não ser em épocas de férias ou de algum evento.


Jovens nos campings só em dias de festas, festivais de chope, etc.
Crianças, então? Essas são raras, na maioria, netas que estão com os avós porque os pais precisam trabalhar, e essas ficam quase sempre embaixo dos toldos brincando no computador.
O campismo não consegue competir com os atrativos que a vida moderna nos oferece e aos nossos filhos. Não conseguimos atraí-los para os campings onde na maioria das vezes não se tem internet, TV a cabo, e o shopping mais perto está a quilômetros de distancia.

Os campings não evoluíram. Temos os particulares com estrutura familiar de proprietários morando no local. Outros que abrem opção para mensalistas, os “Rodas quadradas”, que não são seguramente campistas, mas que são uma fonte de renda o ano todo, Outros ainda com atividades somente nas altas temporadas, além de dois ou três campings em áreas turísticas fortes ,que têm grande freqüência, não pelo prazer de acampar, mas simplesmente como opção econômica os turistas.
Temos o Camping Clube do Brasil, que apesar das deficiências que apresenta continua sendo uma importante organização, com campings funcionando o ano todo em várias partes do país, mas que por falta de freqüência dos associados, aliada a outras dificuldades, vem fechando várias unidades durante os últimos anos.

Grupos de Campistas se formaram a fim de promover encontros e fomentar o campismo. São realmente muito importantes no que se propõem, mas por outro lado contribuem, para o esvaziamento dos campings, visto que a maioria dos encontros são feitos em áreas públicas cedidas por prefeituras ou associações. Esses grupos têm ainda a peculiaridade de serem compostos quase que exclusivamente por proprietários de Motorhomes e trailers, não se vendo barracas em seus encontros, a não ser por raras exceções, ou seja, O CAMPISMO SE ELITIZOU, sinal de que não podemos colocar sua falência na conta da falta de dinheiro. As montadoras de MH estão cada vez vendendo mais, temos fila de espera para comprar equipamentos de luxo. As revendas também estão indo muito bem, e esses seriam motivos de grande alegria, não fosse por um simples detalhe. Quem compra esses equipamentos são na maioria pessoas com idade avançada, o que nos leva a temer pelo futuro quando essa geração faltar. Temos vários casos em que os pais falecendo os filhos logo colocam seu equipamento à venda.

Enquanto os hotéis e pousadas estão cada vez mais acessíveis com as agencias de turismos oferecendo pacotes de viagens com pagamentos a longo prazo, propagandas de passeios, viagens, enchendo as pousadas com jovens, velhos, famílias inteiras, vemos o campismo cada vez mais abandonado pelas autoridades e pelos próprios campistas.

Concluindo, ficam duas perguntas para reflexão:
a- Quais são as principais causas do declínio do campismo no Brasil?
b- No futuro, o campismo se transformará em motohomismo / trailismo ?
Como disse um amigo nosso “vamos aproveitando enquanto dura”. Pena que nossos netos talvez não possam desfrutar de tudo isso que nós vivenciamos. ( e talvez nem queiram).”

Abcs

Celso Nogueira


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